30 maio 2008

Paisagem de minha terra















Manhã de domingo de sol reto.
A grande igreja sem estilo
Decorada por dentro por um batismo de Cristo
Feito por um pintor ingênuo
Que quis ser clássico e foi primitivista.

Missa internacional
Com gentes de todas as raças
Ouvindo o padre alemão rezar em latim.

A gente nem tem vontade de olhar o crucifixo desolado
Nem de rezar
Porque tem lá dentro tanta menina bonita
Que não reza também
E fica sapeando a gente com meiguice...

Só os polacos de camisa nova por ser domingo
Que vieram com as famílias de carroça lá das colônias
Rezam fervorosamente
Enquanto nos seus quintais
Os chupins malvados e alegres
Comem todo o centeio
Cantando glórias pro sol de domingo.

BRASIL PINHEIRO MACHADO
Nasceu em Ponta Grossa (Pr), em 1907. Fez seus estudos iniciais na cidade natal e, posteriormente, no Liceu dos Padres Salesianos, em São Paulo. Em 1926, ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, concluindo o curso de Ciências Jurídicas e Sociais em 1930. Iniciou-se no magistério em Ponta Grossa, como professor e diretor do então Ginásio Regente Feijó. Afastou-se da profissão para exercer funções administrativas, legislativas e jurídicas. Foi Prefeito nomeado em Ponta Grossa, Deputado Estadual, Procurador Geral do Estado e Interventor do Paraná. Retomou sua carreira de magistério como Professor de História do Brasil, na Universidade Federal do Paraná, onde também exerceu o cargo de vice-reitor. Na juventude, pertenceu ao movimento modernista inicial, em especial ao Grupo Antropofágico. Sua poesia data dessa época e revela bom gosto e equilíbrio, sem os exageros experimentais que caracterizaram a fase, adquirindo, em conseqüência, sempre atualidade. Não deu prosseguimento a sua atividade poética, mas desenvolveu trabalho de cunho literário na revista Joaquim. Faleceu em 1997. Publicação poética: Os 4 Poemas (1928).

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